No começo, confesso, não dei muita importância. Entretanto todo o dia estampado nas manchetes do Philippine Star estavam as preocupações do governo com o abastecimento de arroz.
Políticos, atacadistas e empresários discutindo sobre os preços de arroz que estavam subindo. Para mim era um certo alarmismo, achei mesmo que era falta do que falar. Mas não...
Vou tentar ordenar os fatos conforme os fui percebendo. No dia que cheguei aqui em Manila (dia 29 de março) indo para o hotel passei por um restaurante bem simples na beira da pista que tinha a seguinte propaganda:
"Pague X e coma todo o arroz que puder!"
No Brasil, normalmente, se vc vai a algum restaurante e pede uma carne vc tem "todo o arroz que puder comer". Pelo menos se vc vai comer um PF na padaria-boteco-lanchone e pedir mais arroz o cara dificilmente vai dizer não. Por isso pensei "pô assim é fácil! Todo o arroz que o cara quiser! Até eu posso oferecer". A coisa não é tão simples assim...
Primeiro porque o cara que oferece todo o arroz que um filipino (asiático em geral) pode comer, realmente comete um ato de coragem. Não há limites. Aqui come-se arroz no café da manhã, almoço, jantar e até no lanchinho da tarde. Um dia desses no hotel vi um menininho filipino de uns 5 anos no máximo comendo mais arroz que como em um dia. Isso às 7h00 da manhã.
Outro fator, como já disse, é essa crise. Os preços estão disparando no mercado internacional e as Filipinas importam uma quantidade considerável de arroz para conseguir abastecer o povo. Mesmo subsidiado pelo governo o preço do arroz que era de USD 0.50/Kg no final de março hoje está cotado a USD 1.15/Kg! Já existe o problema do desabastecimento localizado o que tem gerado protestos populares por todas as Filipinas. São 85 milhões de pessoas na ilha sendo 30 delas abaixo da linha de pobreza (conhecem um país parecido?? Acertou, o "glorioso"!)
Por isso na sexta-feira passada havia um caminhão distribuindo arroz subsidiado pelo governo na EDSA guardado pelo exército. A presidente Gloria Arroyo sugeriu certas medidas emergenciais como diminuição dos impostos para os produtores de arroz e uma suspensão imediata de empreendimentos imobiliários em plantações de arroz (leia-se conversão de plantações em condomínios e campos de golfe).
Ou seja a equação é a seguinte: 85 milhões, comendo um monte de arroz renda per capita 3 vezes menor que a do "Glorioso". Situação altamente explosiva, pior que as bombas dos separatistas de Cebu, para Sra. Arroyo resolver.
Só quero dar o fora antes dessa banda começar a tocar.
Monday, April 07, 2008
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